Essa semana fui num laboratório pegar um exame pra minha mãe e enquanto esperava chamarem o nome dela fiquei lá sentada olhando as pessoas que entravam e saíam, só por olhar mesmo, imaginando o que elas faziam da vida.
E vi um senhor velhinho de cabelos brancos sentado com um homem que provavelmente era o filho dele, apesar das rugas do tal senhor, dava pra perceber que eles se assemelhavam bastante, mesmo nariz, mesmos olhos. O filho já devia ter seus quase 50 anos, e estava do lado do pai, sem dizer nada, só passando a mão nos cabelos brancos dele, e o senhor com uma pasta de papeis na mão só olhando pro nada. Imediatamente me deu um aperto no coração.
Com quase um ano, já me acostumei com esses apertos. Tem dias que eles não acontecem com tanta intensidade, mas tem dias que é preciso pensar em outra coisa imediatamente, antes que o aperto vire olhos vermelhos. Mas eles acontecem sempre, seja vendo algum senhor de chapeuzinho, seja eu dirigindo e cortando as pessoas na rua, assistindo alguma coisa na tv, ouvindo uma piada de português, lendo alguma noticia no jornal, comendo alguma coisa em especial ou vestindo minha farda branca. Eles nunca passam, vc apenas se acostuma com eles e em vez de ficar triste, lembrar das coisas boas.
Mas nesse dia o aperto nao deu pra acostumar, pq eu reconheci aquela cena, há exatamente um ano era eu que estava no lugar daquele filho, naquele mesmo laboratório. E eu não pude deixar de pensar se aquele pai que tava ali com o mesmo olhar pro nada, esperando também o resultado de um exame com o filho nao teria o mesmo destino. Só me restou ficar ali olhando a cena e por o óculos escuros no rosto pra esconder os olhos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
poxa...vc me fez chorar..
e ainda bem q o pc nao reclama das minhas lágrimas.
gostaria que poder dizer "sinto muito" adiantasse algo.
Postar um comentário